10 dezembro 2011

Por que racionalizar o consumo de água?

A ameaça de escassez dos recursos hídricos tem colocado essa questão centro das preocupações e disputas em todo o mundo. Se não forem tomadas medidas urgentes com relação à degradação ambiental, ao aquecimento global e ao desperdício, em 2025, metade da população mundial não terá acesso à água potável.

O Brasil, que é detentor de 12% das reservas mundiais de água doce, enfrenta um grande desafio: cerca de 70% dos rios em território nacional estão contaminados. Isso porque, dos 54 milhões de domicílios do país, somente em pouco mais de 12 milhões o esgoto recebe algum tipo de tratamento antes de ser despejado nos sistemas hídricos.

Outro entrave é a distribuição de suas águas. Para se ter uma idéia, 80% do volume total das águas estão concentrados na região Norte, que registra a menor densidade populacional do país, 5% dos brasileiros. Ao restante dos habitantes, 95% da população brasileira, compete dividir os 20% das águas disponíveis. Em São Paulo cerca de 3 milhões de pessoas ficam sem água nos períodos de estiagem. Na região Metropolitana de São Paulo a disponibilidade da água é a menor do país (200 m³/hab/ano). A solução para o problema do fornecimento da água à Grande São Paulo está muito distante e exigirá investimentos bilionários.

Segundo o professor da USP Aldo Rebouças, especialista em recursos hídricos, grande parte da solução para crise do abastecimento de água se concentra na economia da água, na criação de uma rede secundária para a água de reuso, do aumento da captação de água de chuva, além da ampliação da rede de tratamento de esgoto.

Contudo, dados mostram que a água de reuso para empresas instaladas em São Paulo, com o objetivo de evitar o uso de água potável nos processos industriais, na irrigação de jardins, resfriamento de caldeiras, etc, ainda é inócua. O desinteresse das indústrias está no fato de não haver uma rede de distribuição de água de reuso. O fornecimento é feito por caminhões, o que não oferece segurança para manutenção da rotina de uma empresa. A situação mais agravante está nas regiões de grande densidade populacional, e segundo especialistas do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP, em São Paulo entre 1999 e 2002, 60% das chuvas ocorreram nos centros urbanos e não nos mananciais, atraídas pelas ilhas de calor formadas pelas excessivas pavimentações e verticalização.

Em São Pedro do Turvo, em São Paulo, foi instalada a medição individualizada, e o consumo caiu em 20%. A região metropolitana do Recife conta hoje com 55 mil apartamentos reformados para a medição individual, com redução de consumo entre 25% a 35% para 5% a 10%. A economia de energia foi de 30%. Tem sido cada vez mais frequente a construção de conjuntos habitacionais inteligentes, com leitura individualizada nos apartamentos. A satisfação dos moradores é alta – cada um paga em média R$ 23,00/mês. E já estudam outras soluções como reuso de água.
Quando em 2004 houve um incentivo à redução de consumo de água com desconto de 20% para quem reduzisse o consumo, os moradores da Grande São Paulo economizaram 1/3 do volume de água do Guarapiranga.

80% das doenças e 30% dos óbitos no mundo são causados por águas poluídas.

De 1900 a 1990 a demanda mundial de água aumentou 6 vezes. Um banho de 15 minutos de ducha de alta pressão consome 1.351 litros. Em um chuveiro normal 240 litros. Se fecharmos o chuveiro para nos ensaboar o consumo seria de 20 litros.

O Hospital Albert Einstein implantou o uso racional de água e teve uma redução da conta de R$ 117 mil/mês para R$ 30 mil.

É importante lembrar que o reuso de água de chuva e da água servida garantem que a água potável seja reservada para o consumo humano, sua destinação natural.

Fonte: Discurso do vereador Aurélio Nomura, autor da lei n° 14.018 - SP, que trata da individualização de água.

Um comentário: