19 abril 2010

Esgoto


A falta de acesso a sistemas de coleta e tratamento dos esgotos urbanos está entre os problemas mais graves no mundo, especialmente nas nações mais pobres. O relatório Desenvolvimento Humano 2006, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, revelou que cerca de 2,6 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a sistemas de tratamento de esgotos. Trata-se de um déficit duas vezes e meia superior ao déficit de acesso à água potável. São números que tornam cada vez mais difícil o cumprimento da meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, de reduzir pela metade, até 2015, o déficit global do nível de cobertura de 1990. Deve-se levar em conta que, mesmo se a meta for cumprida, ainda restarão cerca de 1,9 bilhão de pessoas sem acesso ao sistema de tratamento de esgotos.

No Brasil, o último Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto, divulgado pelo Ministério das Cidades em agosto, revelou que em 2007, ano de referência do estudo, o percentual de coleta de esgotos alcançava apenas 49,1% da população urbana do país. Isso significa que os esgotos gerados por pelo menos 80 milhões de brasileiros que vivem em áreas urbanas não são coletados. O quadro fica ainda mais grave quando se considera que, do montante de esgotos coletados, apenas 32,5% recebem tratamento. Em resumo: menos de 16% do total do esgoto produzido pela população urbana do país (cerca de 157 milhões de pessoas) é efetivamente tratado pelas companhias de saneamento, públicas ou privadas.

Mesmo tomando-se por base apenas as maiores cidades do país, os números não são muito melhores. O Instituto Trata Brasil fez um levantamento sobre a situação das 79 cidades do país com mais de 300 mil habitantes que englobam, juntas, uma população de 70 milhões de pessoas. Nesse grupo de cidades, o índice de atendimento com rede coletora de esgotos chega a 59% da população, enquanto o índice de tratamento (em relação ao volume total de água potável consumida) é de apenas 36%. Na Região Norte, esse índice atinge patamar vergonhoso: 9%. O segundo pior número é o da Região Sul, conhecida pela boa qualidade de vida, onde 29% do esgoto é tratado. Com um índice de 41,8%, a região Centro-Oeste é a mais bem colocada.

Esses indicadores refletem os baixos níveis de investimento do país em saneamento. As estimativas atuais mostram que seria necessário aplicar R$ 270 bilhões para cobrir o déficit de saneamento no Brasil. Considerando que o Programa de Aceleração do Crescimento está destinando algo como R$ 10 bilhões por ano, significa que precisaremos de nada menos do que 27 anos para corrigir o déficit atual.

Para saber mais

Livros

Tratamento de Esgotos Domésticos, de Eduardo Pacheco Jordão e Constantino Arruda Pessoa (Abes)
Tecnologias Adequadas ao Tratamento de Esgotos, de Evandro Rodrigues de Britto (Abes)
Sistemas Econômicos de Tratamento de Esgotos Sanitários, de Miguel Mansur Aisse (Abes)
Princípios Básicos de Tratamento de Esgotos, de Marcos von Sperling

Internet

www.cidades.gov.br
www.abes-dn.org.br
www.esgotoevida.org.br
www.tratabrasil.org.br

Fonte: http://www.amanha.com.br/NoticiaDetalhe.aspx?NoticiaID=D397AA46-0C8B-4939-816E-78A23194C551&EdicaoID=467B875A-F1E4-4F23-97F1-87E0911B913B

2 comentários:

  1. Hoje, 19/04, o site Terra publicou uma reportagem sobre uma via no bairro Agronomia em Porto Alegre que está esburacada e o esgoto corre pela rua há mais de um ano. O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) informou inicialmente que a responsabilidade do trecho era do DEP, que, antes do posicionamento acima, atribuiu novamente ao Dmae a resolução do problema. O Dmae afirmou, em seguida, que fará uma vistoria no local nesta terça-feira (20) para se posicionar sobre o assunto. Mais uma vez a população fica em meio à discussão de responsabilidade e não tem se tem a solução de uma problema sério, que reflete na saúde dos moradores da região.

    Disponível em: http://noticias.terra.com.br/interna/0,,OI4390404-EI11491,00.html

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  2. Pessoal, apesar de toda essa situação, Porto Alegre ainda tem um sistema de tratamento de água de boa qualidade, graças a pesados investimentos feitos pela prefeitura nos últimos 20 anos.
    Meu questionamento refere-se às alternativas que temos para tornar esta água mais pura para quem a bebe. Há poucos dias, li na Internet que o filtro de barro (aquela da casa da avó) é o mais indicado para retirar 90% dos microorganismos que vêm junto com a água da torneira.
    Já que os purificadores de água são financeiramente inviáveis para a maioria da população e as bombonas mais poluem com seu plástico do que ajudam, vocês poderiam trazer um post sobre este assunto? Obrigada. Dâni Sgiers

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