30 outubro 2011

Saneamento: os ganhos da eficiência energética

Uma parceria entre a Companhia de Água e Esgoto do Estado do Rio de Janeiro (Cedae) e a Light, distribuidora de energia, possibilitou a realização do programa de eficientização energética na Estação de Tratamento de Água do Guandu. A Light investiu R$ 20 milhões no programa. A ETA Guandu, localizada no município de Nova Iguaçu (RJ), é responsável por 80% do abastecimento da região metropolitana do Rio de Janeiro. A eficientização proporcionou uma economia de energia de 19 mil MWh/ano e uma redução nos gastos anuais com energia da ordem de R$ 3,6 milhões.

O projeto de eficientização da ETA Guandu consistiu em uma série de trocas de equipamentos por um maquinário mais moderno. O presidente da Cedae, Wagner Victer, explica como foi a ação. “Grande parte da energia que era perdida no processo foi reprogramada e ao mesmo tempo houve a troca por equipamentos mais eficientes energeticamente”, conta. Mario Javaroni, gerente de Serviços de Infraestrutura da Light, explica que foi feito um retrofit das válvulas do sistema de retrolavagem do filtro da estação, que eram muito antigas. “Eram 208 válvulas que estavam desde o início da construção da estação e se encontravam muito avariadas, permitindo muita passagem de água”, relata. A estação do Guandu, considerada a maior do mundo, foi inaugurada em 1955.

Segundo Victer, a ideia do programa de eficientização das estações surgiu quando ele era secretário de Energia do Rio de Janeiro, cargo que ocupou entre 1999 e 2005. Na época, ele avistou que a Cedae tinha um grande potencial para projetos de eficiência energética e quando foi convidado para assumir a presidência da empresa, em 2006, sugeriu à Light que aplicasse parte dos recursos para eficiência energética que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) determina na concessionária de água e esgoto. “A Cedae possivelmente é o maior consumidor da Light e assim foi aprovado um conjunto de projetos, que começou com o da estação Juramento, mas o do Guandu é um projeto grande”, destaca.

Ela é formada pela junção das águas dos rios Ribeirão das Lajes, Piraí e Paraíba do Sul. O sistema funciona da seguinte forma: a água é captada no Guandu, vem barrenta, passa pelo filtro e depois vai ser bombeada para a cidade. Com o passar do tempo, o filtro vai ficando sujo. É bombeada uma água no sentido contrário da água do Guandu para passar dentro do filtro e levar a sujeira para outro canal. O sistema mostrava-se incapaz de fazer a suspensão da sujeira do filtro e a Cedae adotou como alternativa pegar a conexão do reservatório de Marapicu, 110 metros acima da ETA Guandu, e jogar a água de volta para fazer a retrolavagem. “A economia de energia é recorrente justamente do resultado que o projeto trouxe para a instalação, de não ter que pegar a água de Marapicu para fazer a retrolavagem do filtro”, conta Javaroni.

O setor de saneamento e abastecimento é um dos maiores mercados para o desenvolvimento de projetos de eficiência energética. Para Wagner Victer, um projeto de eficiência nesse setor não é vantajoso apenas pela economia de energia. “Um projeto de eficiência nessa área tem efeitos colaterais positivos, porque um sistema de esgoto mais eficiente causa menos poluição. Um abastecimento de água energeticamente mais eficiente oferece mais água para a população”, afirma.

Javaroni também concorda com o presidente da Cedae quanto ao potencial de mais projetos de eficiência na área de saneamento e abastecimento. “Esse setor tem muita perda e, por conta disso, um potencial muito grande de redução de consumo de energia. A economia de energia deve ser associada ao processo de bombeamento de água para abastecimento”, observa.

O presidente da Cedae aponta que no projeto da estação do Guandu houve um diferencial na comparação aos demais projetos de redução de energia: a reutilização da água. “Não é apenas um projeto de economia de energia, ele teve uma vertente ambiental e social que extrapolou a economia de energia”, conta.

A Cedae também tem uma preocupação com energia. A concessionária conta com uma equipe que cuida especificamente da parte de contratos de energia, um dos principais itens de custo da empresa. A equipe tem três engenheiros e é coordenada por Mario Rocha, que já foi vice-presidente da Ampla. Victer conta que a Cedae também desenvolve projetos próprios de eficiência energética, como os de correção de fator de potência e redução de perda. Ele também adianta que a nova sede da Cedae, na rua Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, será um prédio sustentável. “É um prédio energeticamente bastante atual, com reaproveitamento de água da chuva e sistema de iluminação de baixo consumo”.

O Programa de Eficientização Energética da Cedae em parceria com a Light contemplou outras quatro estações: a Estação Elevatória de Água (EEA) do Juramento, em Vicente de Carvalho, em que foram investidos R$ 2,7 milhões e houve uma economia de energia de 3.270 MWh/ano; a EEA Acari, um investimento de R$ 2,1 milhões e uma redução de 3.507 MWh/ano; EEA Guaicurus, no Rio Comprido, que demandou R$ 1,9 milhão e economia de 1.600 MWh/ano; e Estação Elevatória de Esgotos (EEE) André Azevedo, em Copacabana, investimento de R$ 2 milhões e 2.400 MWh/ano economizados.

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